Sintomas intensos de TPM podem estar relacionados à menopausa precoce
30/07/2025
(Foto: Reprodução) Mulheres que possuem a Síndrome Pré-Menstrual (SPM) têm o dobro de chances de desenvolver menopausa precoce, como aponta o Estudo Brasileiro de Menopausa publicado pela Revista médica Jama Network Open.
A pesquisa, realizada com mais de 3 mil voluntárias entre junho de 1991 e junho de 2017, constatou que 1.220 mulheres apresentavam distúrbios pré-menstruais, enquanto 2.415 não apresentavam. As participantes foram avaliadas a cada dois anos para relatar a gravidade dos sintomas da TPM e registrar a data da última menstruação.
Entre as mulheres com SPM, 17 relataram ter tido menopausa precoce, e entre as mulheres sem SPM, 12 relataram o mesmo. Os cálculos demonstraram uma incidência de menopausa precoce de 7,1 para cada 1.000 pessoas por ano entre as pacientes com SPM, em comparação com 2,7 casos para cada 1.000 pessoas por ano entre as pacientes sem Síndrome Pré-Menstrual.
A pesquisa tem caráter observacional, portanto, não é possível afirmar que os sintomas graves da TPM causem menopausa precoce, mas há uma correlação entre os dois evidenciada pelos dados.
Nesta correlação, a ginecologista Renata Mieko Hayashi, coordenadora do setor de Saúde da Mulher do Hospital São Marcelino Champagnat, com ou sem TPM, é importante que as mulheres façam acompanhamento ginecológico e estejam bem-informadas sobre seus corpos. “Cólicas muito intensas não são normais. Sangramento excessivo não é normal. Ter que mudar completamente a rotina devido à TPM ou ao período menstrual não é algo normal. Ter um profissional de confiança e atencioso é essencial para identificar problemas ginecológicos e considerar o melhor tratamento para cada caso”, recomenda
Exames de rotina para cada fase
A ginecologista explica também que para cada fase da vida da mulher, exames de rotina precisam ser realizados. Na adolescência, deve ser realizada a primeira consulta com um médico ginecologista, especialmente após a menarca, que é a primeira menstruação da mulher. É importante que o acompanhamento com um especialista seja feito nessa fase da vida, fornecendo orientações sobre saúde íntima, informações sobre métodos contraceptivos e como se proteger contra doenças sexualmente transmissíveis.
Com o início da vida sexual, é importante que a mulher esteja atenta à necessidade de realizar o exame de Papanicolau anualmente, além de exames de sangue recomendados pelo especialista.
O Papanicolau é feito para detectar lesões precursoras do câncer do colo do útero e infecções pelo HPV, e deve ser realizado anualmente, a menos que haja um(a) parceiro(a) fixo(a); nesse caso, a frequência pode ser reduzida para a cada três anos.
Quando a mulher chega aos 30 anos e tem histórico de câncer de mama na família, é recomendado realizar a mamografia. Para quem não tem histórico da doença, o exame começa a ser realizado a partir dos 40 anos. Nesta fase, outros exames são incluídos na rotina, como o ultrassom pélvico (que verifica o estado do útero, ovários e trompas) e exames de sangue.
Na chegada da faixa etária de 40 a 50 anos, a atenção precisa ser redobrada para as mamas. Por isso, a mamografia passa a ser realizada anualmente. Além dos exames mencionados anteriormente (que devem ser mantidos), é aconselhável uma avaliação cardíaca com um especialista. O ginecologista também deve monitorar o funcionamento da tireoide e avaliações hormonais para verificar a necessidade de reposição devido à menopausa.
Entre os 50 e 60 anos, além dos exames citados na faixa etária anterior, a ginecologista reforça a importância também de realizar uma avaliação da densidade óssea para verificar o risco de desenvolvimento de osteoporose.
A última fase é a partir dos 60 anos, e nesta etapa é importante realizar um acompanhamento anual, com todos os exames relacionados nas demais fases e, se possível, agendar uma consulta com um neurologista para identificar eventual doença neurológica.
O que é a SPM?
A Síndrome Pré-Menstrual é um transtorno que ocorre na fase lútea do ciclo e que é caracterizado pela irritabilidade, ansiedade, dor de cabeça, mau humor, fadiga, insônia, ganho de peso e mamas doloridas, entre outros.
Além da SPM, há também o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), que é ainda mais grave e severo. Ele é caracterizado principalmente por sintomas que podem interferir nas atividades rotineiras da mulher, comprometendo tanto a vida pessoal quanto profissional.
Alguns exemplos comuns são: instabilidade emocional, mau humor extremo, ansiedade intensa e humor deprimido. O diagnóstico do TDPM deve ser feito por um médico, levando em conta a exclusão de outras condições médicas, como transtorno de ansiedade, depressão, endometriose e problemas de tireoide, por exemplo.
Já a menopausa corresponde ao último ciclo menstrual de uma mulher e normalmente ocorre entre os 45 e 55 anos. Quando a última menstruação ocorre antes dos 40 anos, é considerada precoce. A menopausa antes dos 45 anos é incomum, mas não é considerada precoce.
Jarbas da Silva Motta Junior
Diretor Técnico
CRM PR 26.227 - RQE 19.368
Hospital São Marcelino Champagnat
CRM - PR 5522